Ciúmes e instintos

Que o ciúme é um sentimento irracional, todo mundo sabe. Porém, se ele não faz sentido racionalmente, logo ele se torna um sentimento falho e incerto. Resumindo, isso só reforça uma ideia que vem surgindo na minha cabeça há dias:

Nós não devemos confiar plenamente em nós mesmos.

Por mais que conheçamos verdadeiramente quem somos, nós nunca poderemos ter a certeza de que seremos dignos de confiança.

Na vida nós nos traímos constantemente; seja por não cumprir uma promessa ou jogar tudo pro alto e pedir (em alto e bom som), mais uma taça ou uma sobremesa extra.

Se alguém nos conta um segredo e nós não podemos confessá-lo, ficamos agoniados na esperança de falar com alguém sobre isso. Quando não acabamos revelando para um íntimo, revelamos para nós mesmos, na frente de um espelho ou em pensamentos. No entanto, de um jeito ou de outro, nós revelamos.

O ser humano não é um ser de confiança. Agora sendo assim, se nós não podemos confiar nem mesmo em nós mesmos… Como vamos confiar em outra pessoa?

Mas é aí que o truque é formado.

É muito mais fácil confiar nos outros do que em si mesmo. Isso porque caso alguma coisa dê errado, você e sua cabeça estarão livres de qualquer tipo de responsabilidade.

Se você contou o seu segredo para alguém e esse alguém contou pra outra pessoa, a probabilidade de você culpar o outro e não você, é de 95%.

Entretanto, existem casos em que você confia tanto em uma pessoa que acaba perdendo parte de sua personalidade. Em uma relacionamento amoroso, por exemplo, se você deixar todas as decisões para a outra pessoa tomar, certa hora você vai acabar perdendo um pouco da sua vontade de fazer as coisas.

Se em uma relação é necessário a troca, e para realizar a troca é preciso confiança… Como saberemos em quem confiar?

A resposta desse labirinto é simples: Instinto.

Neste caso, agora lidamos com uma característica humana primitiva. O instinto nos guia diariamente, seja para escolher em que rua atravessar ou que decisão tomar naquele determinado momento.

Segundo o dicionário o instinto pode ser classificado como “impulso natural, independente de razão”. Uma classificação um tanto quanto conhecida, afinal de contas o ciúme também pode ser classificado como um impulso natural sem razão.

Montando todo o mapa e fazendo todas as conexões, a conclusão que eu obtive foi exemplar e não tão exclusiva assim:

O ser humano é totalmente emotivo.

Agora observe as novelas, os filmes, as músicas, o drama. Nós estamos cercados por este tipo de mídia. Mesmo quem se diz “contra o drama”, já está fazendo fazendo-o acontecer.

Mas se por raiz somos seres impulsivos e independentes de razão, o que cria a razão?

Do mesmo modo em que temos o impulso natural para correr atrás do que queremos, temos também o impulso natural do aprendizado. Nós aprendemos a ser racionais; nos acostumamos e nos forçamos a sermos criaturas coesas. Afinal de contas, por que será que passamos pela fase do “porquê” onde tudo o que nos dizem nós retrucamos?

O ser humano é um ser complexo e não tão difícil de ser estudado. A diferença vem da mente aberta e do respeito mútuo.

Nós temos que respeitar e entender o próximo. Aceitar é outro assunto e outro tópico, afinal de contas andamos em passos e não em pulos; e tudo é construído com tempo e paciência.

Nosso ser é um ser primitivo que necessita de evolução. Essa evolução vem desde recém-nascido e vai até a morte. Pois nós morremos quando não queremos mais aprender.

Então esse é o meu objetivo, essa é a minha meta. Eu não vou deixar meus instintos primitivos me dominar e me transformar em uma pessoa ilógica. Eu irei lutar para ser mais racional e menos emotivo; talvez assim eu não sofra tanto; talvez assim meu futuro poderá ser melhor e mais brilhante.

*Extraído do livro “Casais inteligentes engolem sapos”, Adriel Dantas/Clube de autores, 2017* adrieldantas.com

Celular, o novo órgão do corpo humano

A cada dia que passa nossa sociedade se torna mais e mais individualista. O que era para ser avanço tecnológico, agora se tornou uma interferência digital. Eu digo isso porque a cada segundo eu percebo que a nossa sociedade entra mais e mais em um vício que para certas cabeças é impossível de se desapegar.

A necessidade da inutilidade se torna cada dia mais gritante; não só na realidade Brasileira, mas também em questões mundiais. O que antes era visto como apenas um acessório, agora é tratado como uma droga; um vício que se tornou tão comum que nem mesmo a medicina ousa a se intrometer.

Eu poderia falar de muitos outros objetos, mas hoje decidi tomar parte de apenas um: O celular.

Comercializado no meio dos anos 80 e popularizado nos anos 90 e 2000, o telefone celular surgiu para suprir a necessidade de mobilidade em questões de comunicação; o que de fato aconteceu. Entretanto, como o ser humano não se contenta com o básico, novas versões e novos rumos foram tomando formas com o tempo.

Depois da primeira (1G), da segunda (2G) e da terceira geração (3G); os telefones celulares se tornaram mais do que simples aparelhos comunicativos; eles agora são parte do corpo humano. É praticamente impossível sair de casa sem ele. Se você for ao supermercado e não levar o celular, sua mente vai se perder em pensamentos e isso poderá provocar um curto-circuito no seu cérebro, o que pode te levar a uma asfixia e em certos casos, ânsias e desmaios.

O que eu acho mais engraçado nisso tudo é que ás vezes as pessoas esquecem que, no Brasil, o celular não tem nem ao menos 40 anos. Ou seja, é uma invenção jovem. Diferentemente dos relógios e até mesmo do rádio.

Várias pessoas quando me visitam se surpreendem com o fato de que eu ainda utilizo uma secretária eletrônica e um telefone fixo. Sendo que eu não me lembro do dia em que um telefone fixo e uma secretária eletrônica deixaram de ser úteis. As pessoas hoje estão tão hipnotizadas em um mundo infestado de chips e telas, que elas se esquecem que produtos e serviços analógicos ainda existem e são práticos do mesmo jeito que antes. O problema é que hoje em dia ninguém quer utilizar algo que foi inventado antes dos anos 90; até porque para a maioria deles os anos 90 foi a muito tempo atrás.

Eu reconheço que o advento tecnológico nos trouxe inúmeros benefícios; o problema é que eu também consigo enxergar os problemas que vieram com ele. O telefone celular que antes era usado para falar, hoje faz tudo menos falar. O objeto que foi criado para suprir uma certa necessidade, agora é usado para entreter pessoas-zumbis que não podem passar 10 minutos pensando por si próprio em uma fila (ou lendo, que é muito mais produtivo).

Nos dias de hoje ter um celular é fundamental; a invenção do aparelho em si foi e continua sendo revolucionária. No entanto, sua função principal e útil foi perdida; dando lugar ao um brinquedinho colorido que chama a atenção de adultos e crianças.
Sinceramente, se continuarmos assim nossa sociedade vai se tornar um eterno playground.